sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

ESCRITO EM COIMBRA À SOMBRA DE MINERVA



EÇA DE QUEIRÓS RELATA A SUA CHEGADA A COIMBRA 


Quando cheguei na diligência a Coimbra, para fazer exame de Lógica, Retórica e Francês, o presidente da mesa, professor do Liceu, velho amável e miudinho, de batina muito asseada, perguntou logo às pessoas carinhosas que se interessavam por mim: 
- Sabe ele o seu Francês? 
E quando lhe foi garantido que eu recitava Racine tão bem como o velho Talma, o excelente velho atirou as mãos ao ar, num imenso alívio: 
- Então está tudo óptimo! Temos homem! 
E foi tudo óptimo, recitei o meu Racine, tão nobremente como se Luís XIV fosse lente, apanhei o meu nemine, e à tarde, uma tarde quente de Agosto, comi com delícia a minha travessa de arroz doce na estalagem do Paço do Conde. 

Nota: esta é a descrição que Eça de Queirós faz sobre a conclusão dos preparatórios em Coimbra para a sua entrada na Universidade de Coimbra, em 1861. 

Eça de Queirós in O Francesismo – Últimas Páginas, vol. 2. Porto: Lello & Irmão, 1966.



Em 2011 a Câmara Municipal de Coimbra organizou uma visita guiada intitulada “Eça de Queirós em Coimbra”.

Realçamos a Adega Paço do Conde onde o escritor fez a primeira refeição em Coimbra.



1 comentário:

  1. Coimbra é uma fonte inesgotável na história da nossa literatura. Calcorrear a Alta em busca dos itinerários de Eça de Queirós é algo que deveríamos fazer como conimbricenses ou turistas.E Eça teve e tem um papel eterno na cidade!

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