EÇA DE QUEIRÓS RELATA A SUA CHEGADA A COIMBRA
Quando cheguei na diligência a Coimbra, para fazer exame de Lógica, Retórica e Francês, o presidente da mesa, professor do Liceu, velho amável e miudinho, de batina muito asseada, perguntou logo às pessoas carinhosas que se interessavam por mim:
- Sabe ele o seu Francês?
E quando lhe foi garantido que eu recitava Racine tão bem como o velho Talma, o excelente velho atirou as mãos ao ar, num imenso alívio:
- Então está tudo óptimo! Temos homem!
E foi tudo óptimo, recitei o meu Racine, tão nobremente como se Luís XIV fosse lente, apanhei o meu nemine, e à tarde, uma tarde quente de Agosto, comi com delícia a minha travessa de arroz doce na estalagem do Paço do Conde.
Nota: esta é a descrição que Eça de Queirós faz sobre a conclusão dos preparatórios em Coimbra para a sua entrada na Universidade de Coimbra, em 1861.
Eça de Queirós in O Francesismo – Últimas Páginas, vol. 2. Porto: Lello & Irmão, 1966.
Em 2011 a Câmara Municipal de Coimbra organizou uma visita guiada intitulada “Eça de Queirós em Coimbra”.
Realçamos a Adega Paço do Conde onde o escritor fez a primeira refeição em Coimbra.
Coimbra é uma fonte inesgotável na história da nossa literatura. Calcorrear a Alta em busca dos itinerários de Eça de Queirós é algo que deveríamos fazer como conimbricenses ou turistas.E Eça teve e tem um papel eterno na cidade!
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