quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A HISTÓRIA E A VIDA ACADÉMICA DOS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA NO MUSEU ACADÉMICO




O Museu Académico de Coimbra encontra-se instalado no edifício do antigo Colégio de São Jerónimo, na Praça de D. Dinis, onde funcionavam os Hospitais da Universidade de Coimbra. O museu, que tem como missão reunir, preservar e difundir os valores sociais, artísticos e culturais da comunidade académica, foi inaugurado no dia 11 de dezembro de 1987. 
Como reúne um rico espólio baseado nas tradições académicas, trata-se de um espaço de visita obrigatória para quem quiser conhecer ou recordar os momentos passados enquanto estudante em Coimbra. 


Durante a visita pudemos ver peças da época contemporânea (o museu baseia-se na época de final do século XIX aos nossos dias) em cerâmica, medalhística, torêutica e ourivesaria, têxteis, pintura, escultura e gravação, instrumentos musicais, arquivos discográfico, fotográfico e documental e a biblioteca e arquivo de cartazes. 
De particular interesse são as coleções de trajes académicos e fotografias alusivas aos estudantes. 
Devido ao imenso espólio, o museu também organiza exposições temáticas e disponibiliza o acervo documental a estudos de investigação.
Refira-se que antes deste museu ser inaugurado existiu um dedicado à vida académica, criado em 1951, a partir de uma exposição realizada pela Associação Académica de Coimbra e pela Comissão Central da Queima das Fitas de 1950. 
Alguns núcleos que inclui são o Núcleo da Canção de Coimbra com instrumentos, discos, gravações, partituras; o Núcleo dos Troféus Desportivos da Associação Académica de Coimbra; o Núcleo Camoniano; escultura, gravura, pintura, medalhística, cerâmica; arquivo documental e arquivo de fotografia, arquivo de cartazes e folhetos; biblioteca, epigrafia, traje e outros. 
Gostaríamos de destacar que possui a primeira Taça de Portugal de futebol, que a Associação Académica de Coimbra conquistou na época de 1938/39. 
No dia 22 de fevereiro, o Clube do Património dos Génios de Castro visitou este espaço. A visita guiada permitiu-nos conhecer a história e as tradições da vida académica dos estudantes da Universidade, a academia com maior tradição em Portugal. 
No meio de muito entusiasmo pudemos observar dezenas de troféus conquistados ao longo dos tempos em várias modalidades desportivas pelos estudantes da ilustre academia da Universidade de Coimbra. Mas, de todos eles, destacou-se a “joia da coroa”, a Taça de Portugal de 1938/1939, que, com muita emoção, os membros do clube puderam admirar.


A primeira Taça de Portugal de futebol, que a Associação Académica de Coimbra conquistou na época de 1938/39.














quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

ESCRITO EM COIMBRA À SOMBRA DE MINERVA

AS TRICANAS, POR TRINDADE COELHO

A tricana e o estudante


Como tudo o que é Coimbra – bom e mau – se não parece com mais coisa nenhuma, as tricanas de Coimbra são também elas sós, e, por conseguinte -, incomparáveis! 
Como andam sempre muito afinadinhas, desde os pés à cabeça, vão-se os olhos a olhar por elas, e fica a gente a dizer consigo que nunca viu mulheres assim… Sua chinelinha de biqueira, em que só lhes cabe metade do pé; sua meia branca, às riscas, muito esticada; saia de chita, das cores mais claras, deixando ver os tornozelos e acima dos tornozelos duas polegadas de perna; aquele aventalinho muito pequenino, que é mais um chic do que outra coisa; o chambre de chita clara, aberto no peito em decote quadrado; e então o xaile de barras, ou a capoteira, passando por baixo do braço direito, e lançado (com elegância que se não descreve, mas que os estudantes copiaram para as suas capas) por cima do ombro esquerdo! 
Ao alto de tudo isto, uma cara quase sempre bonita, e espirrando, naquele busto, quando gesticulam, quando marcham, quando estão paradas, qualquer coisa que deve ser a própria graça – como só artistas a apreciam! 
São as tricanas! 


Trindade Coelho in In Illo Tempore


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

A SALA DA CIDADE: UM ESPAÇO CULTURAL PARA COIMBRA



A Sala da Cidade ocupa o espaço do antigo Refeitório de Santa Cruz, contíguo aos Paços do Município, na Rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes, na Baixa de Coimbra. É um espaço da Câmara Municipal de Coimbra dedicado a acolher exposições e outras manifestações de carácter cultural, situado numa zona privilegiada da urbe. 
No dia 2 de fevereiro foi inaugurada mais uma exposição, “Mais Amor, Por Favor”, que junta pintura e escultura. 
A pintura é de autoria de Carina Gomes, uma conimbricense radicada em Lisboa, onde exerce a sua atividade profissional. Possui experiência e formação em Design de Moda e Arquitetura de Interiores, tendo concluído a pós-graduação em Moda, na Paris American Academy - École de Beaux Arts et Mode, e o Mestrado em Design e Arquitetura de Interiores, na Escola Superior de Artes Decorativas, na FRESS - Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva, em Lisboa. 
Na área das Artes Plásticas possui uma obra amplamente elogiada, tendo realizado várias exposições individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, onde está representada em várias coleções privadas e públicas. 
A exposição é constituída por escultura de Carlos Ramos, um lisboeta com vasta obra nas áreas do design gráfico e medalhística. Tem participado em exposições coletivas e individuais, em Portugal e no estrangeiro estando, também, representado em diversas coleções públicas e privadas. Dedica-se, igualmente, à cenografia, adereços e máquinas de cena para várias companhias de teatro. Colabora com a Companhia Nacional de Bailado, na pintura do pano de boca de cena, pintura do guarda-roupa, recuperação de adereços e joalharia. Contribuiu para o filme “O artista no seu atelier”, de Álvaro Queiroz, Acervo da Cinemateca Portuguesa. Obteve o Prémio Aquisição ANJE – Associação Nacional da Jovens Empresários, Porto e uma Menção Honrosa, no âmbito do IV Prémio Edinfor de Escultura. 
O Clube do Património os Génios de Castro visitou a exposição no dia 8 de fevereiro já que o património de Coimbra também é a sua arte. Através das pinturas, das esculturas e da visualização de um vídeo onde eram conjugadas imagens, fotografias e esculturas, nota-se a agitação do dia a dia em contrasta com o amor. Esta exposição leva-nos a refletir sobre a importância do amor como caminho para a felicidade e para o nosso equilíbrio. 














quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

UMA VISITA À CASA DA LITERATURA DE MIGUEL TORGA

Casa-Museu Miguel Torga
Rua Fernando Pessoa, 3, em Coimbra


Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Coelho da Rocha, foi um dos escritores mais importantes do século XX e ficará, para sempre, ligado a Coimbra. 
Nasceu em São Martinho de Anta, Vila Real, no dia 12 de agosto de 1907 e faleceu em Coimbra, no dia 17 de janeiro de 1995. 
Os seus livros foram traduzidos para diversas línguas. Foi por várias vezes candidato ao Prémio Nobel de Literatura. Recebeu vários prémios, entre eles, o Prémio do Diário de Notícias (1969), Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist (1976), Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S. (1981), Prémio Camões (1989), Prémio Personalidade do Ano (1991), Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992) e o Prémio da Crítica, consagrando a sua obra (1993). 
Máquina de escrever de Miguel Torga
Interior da Casa-Museu


A Casa-Museu Miguel Torga tem como missão divulgar a obra literária do escritor, preservar e expor publicamente objetos, da mais variada natureza, relacionados com a identidade e a personalidade desta figura maior das letras, que elegeu Coimbra para viver (naquela que é agora a Casa-Museu) e trabalhar (no Largo da Portagem, como médico). 

A visita à Casa-Museu Miguel Torga pretendeu dar a conhecer aos membros do clube a importância e a vivência de Miguel Torga desde a sua Terra Natal, a sua ida para o Brasil e a vinda para Coimbra, cidade que o escritor adotou como sua. Nesta casa recebeu grandes vultos de cultura portuguesa e da política do século XX, como Sophia de Mello Breyner Andresen e muitos outros. Foi, assim, muito interessante ficarmos a saber que o escritor se chamava realmente Adolfo Correia Rocha e que, em 1934, aos vinte e sete anos, criou o pseudónimo Miguel Torga. Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno e Torga por ser uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha. Na casa pudemos ver essa planta, que ali cultivou, a escrivaninha, onde escreveu grande parte dos seus livros, a máquina de escrever e o divã onde descansava e ao qual chamava “o meu sarcófago”. Pudemos também ver documentos, fotografias, primeiras edições assinadas, uma dedicatória assinada pelo seu grande amigo o escritor brasileiro Jorge Amado, cerâmica, pintura, escultura e algumas obras de arte. A casa permanece como no tempo em que Miguel Torga nela habitava.









segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

ESCRITO EM COIMBRA À SOMBRA DE MINERVA

UM POEMA DE MIGUEL TORGA


SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Miguel Torga in Diário VIII