quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

CANTAR AS JANEIRAS


UM EXEMPLO DE PATRIMÓNIO IMATERIAL


À semelhança do Património Material, o Património Imaterial também é uma categoria de património cultural definida pela Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial adotada pela UNESCO em 2003.
Desta forma se preservam os saberes, os modos de fazer, as formas de expressão, celebrações, as festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições. 
Em Portugal, cantar as Janeiras é um costume muito antigo ligada à tradição cristã do nascimento de Jesus Cristo e aos presentes que os reis magos lhe levaram à gruta de Belém. 
À semelhança de muitas outras festividades, também as Janeiras possuem raízes pagãs relacionadas com as festividades solsticiais que decorriam na mesma época em que celebramos o Natal. 
O nome liga-se também ao mês de janeiro, cuja designação teve origem no deus romano Jano, que simbolizava o começo do ano solar, quando os primeiros dias e os raios solares crescem de novo, passando o seu tempo de duração a aumentar. 
Dando seguimento a esta tradição, no dia 4 de janeiro o Clube do Património Génios de Castro cantou as Janeiras no interior da nossa escola no meio de muita alegria. Com entusiamo cantaram e encantaram na Sala de Professores, Secretaria, Conselho Executivo e Biblioteca Escolar, entre outros espaços, sendo sempre muito bem acolhidos. 
Os Génios de Castro tiveram a prestável colaboração do Professor e Poeta, Paulo Ilharco, do nosso Agrupamento, que ensaiou o grupo, orientou e participou nas atuações. 














MÚSICA CANTADA PELO CLUBE


Natal dos Simples


Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura


Letra e música de Zeca Afonso in Cantares do Andarilho

 





O Poeta e Professor do nosso agrupamento a declamar o seu poema para os nossos alunos.
E foi assim que terminaram as Janeiras na nossa escola.
Obrigada Professor Paulo Ilharco





NA TAL DATA

                                        25 de Junho ou de Dezembro?
                                        Ao certo não sei bem quando é Natal!
                                        É no Inverno ou no V’rão? – já nem me lembro
                                        Se calha numa data especial!


                                        Pode até mesmo ser lá p’ra Setembro
                                        Durante as desfolhadas, no quintal.
                                        Quem sabe em Maio, Abril, Julho ou Novembro,
                                        Halloween, Réveillon ou Carnaval?


                                        Talvez em Dia-Sempre ou Dia-Nunca,
                                        Num palácio ou até numa espelunca,
                                        Cuja porta da rua não tem trinco.


                                       Ou, então, nesse Dia, apenas só,
                                       Em que um velho de barbas, num trenó,
                                       Desce ao Mundo em Dezembro, 25!


                                                                                                       Paulo Ilharco


In “E NU SENTE – Sonetos (E)ternos” (2002)                       





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