terça-feira, 26 de março de 2019

A SÉ VELHA: UMA VISITA AO MAIS BELO MONUMENTO ROMÂNICO DE PORTUGAL


A Porta Especiosa da Sé Velha, a glória da arquitetura do Renascimento francês de Coimbra


SÉ VELHA DE COIMBRA

Aqui, onde estas pedras marteladas
Em forma de esconjuro e alçapão,
De estátuas e colunas disfarçadas,
A luz me prometeram, com o pão;
Aqui, onde o silêncio mais profundo
Sob o passo do homem se tornou:
Nem primeiro aqui houve segundo,
Foi Deus chamado aqui e não falou.


José Saramago in Os poemas possíveis



A Sé Velha no século XIX


A Sé Velha de Coimbra é considerada como o mais belo monumento românico de Portugal que chegou até aos nossos dias.
Quase coeva da fundação do reino, a sua construção data do reinado de D. Afonso Henriques, tendo sido fundada pelo bispo D. Miguel Salomão (1162-76).
Obra dos mestres Bernardo e Roberto, o seu estilo permite filiá-la na influência francesa do Auvergne, como Santiago de Compostela, de que se diria ser uma réplica simplificada.
O claustro, de modelo cisterciense, é dos fins do século XIII, mas o grande período de renovação artística da Sé é o bispado de D. Jorge de Almeida (1483-1543), prelado que a fez dotar de obras flamejantes, manuelinas e do Renascimento. Mandou fazer o magnífico retábulo da capela-mor e outras obras interiores, mas a principal foi a Porta Especiosa, a glória da arquitetura do Renascimento francês de Coimbra.
Do bispado de D. João Soares (1545-72) é a capela do Sacramento e do de D. Afonso Castelo Branco (1585-1615) é a sacristia e o coro. Do século XVII, bispado de D. João de Melo (1684-1704), datam o rasgamento das duas janelas da fachada e o alteamento da torre grande, arranjos do coro e talha das capelas laterais. Os altares são de estilo Renascentista e tem um retábulo de pedra com Jesus e os apóstolos, de autoria do escultor João de Ruão. 
O retábulo de pedra da Sé Velha é da autoria do escultor João de Ruão

Deve-se à iniciativa do bispo-conde D. Manuel Correia de Bastos Pina a restauração que no fim do século XIX foi executada e libertou o monumento das “máscaras” que encobriam a sua face românica. A Sé Velha voltou assim à sua austera pureza das suas origens.
Possui planta cruciforme e é ameada como uma fortaleza. A escultura do portal principal é um excelente exemplo da arte dos mestres de pedraria de Coimbra. Os seus claustros albergam a arca de pedra com os restos mortais do conde D. Sesnando que governou Coimbra após a tomada aos mouros.
O claustro é do período de transição cisterciense (fim do século XIII) e é, provavelmente, o mais antigo dos claustros deste tipo.
Neste templo foi aclamado, em 1385, o mestre de Avis, como rei de Portugal.
Foi, assim, com muita emoção que no dia 22 de março os membros do Clube do Património dos Génios de Castro fizeram uma visita guiada à Sé Velha onde puderam observar a única das catedrais portuguesas de estilo Românico da época da reconquista que sobreviveu relativamente intacta até aos dias de hoje.














Em frente à Catedral os membros do clube tiveram o gosto de ver umas das casas onde viveu o grande compositor e cantor da canção de Coimbra, Zeca Afonso.





Quando o Clube regressava à escola, deparou-se na Baixa com uma atuação da Estudantina Universitária de Coimbra, um grupo atravessa gerações de estudantes, cativa quem o ouve e é indissociável das vivências que se levam desta cidade. Os jovens membros do clube ficaram, embevecidos , e atentos, a ouvir as suas músicas, como o “traçadinho”, que alguns sabiam cantar.







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