A Académica é titular da primeira Taça de Portugal (1939)
A primeira Taça de Portugal de futebol, que a Associação Académica de Coimbra conquistou na época de 1938/39 |
São horas de embalar a trouxa
Boa Noite, Tia Maria
Que a malta ganhava a Taça
Já toda a gente sabia
Hino cantado após a Associação Académica de Coimbra ter ganho a Primeira Taça de Portugal, em 1939
A Associação Académica de Coimbra, com esta denominação, foi fundada no ano de 1887. Trata-se, no entanto, de uma organização com raízes nas décadas anteriores do século XIX. De facto, em 1836 tinha-se formado a Academia Dramática que, evoluindo, entre divergências e episódios históricos, se transforma em Nova Academia Dramática, O Instituto, Academia Dramática de Coimbra, Instituto de Coimbra, Clube Académico de Coimbra, Associação Académica e Dramática até chegar à designação actual.
Embora originalmente se tratasse de uma associação com carácter vincadamente cultural, nomeadamente no âmbito do teatro e da música, englobará também a prática do desporto entre os seus associados. É assim que surge a modalidade do futebol, inicialmente praticada apenas por estudantes, com a Secção de Futebol criada na década de 20 do século anterior. Na verdade, o futebol já era praticado, como passatempo entre os estudantes, desde o fim do século XIX, pois existem notícias que comprovam estes jogos praticados no local onde hoje se localiza o Jardim da Sereia, em Coimbra.
A Académica, ou Briosa, nome pelo qual também é conhecida no meio futebolístico e estudantil, conhece os seus momentos mais gloriosos na década de 60 do século XX, época em que conta com jogadores como Artur Jorge ou Toni. A sua equipa da década de 90 também iria revelar nomes como Fernando Couto, Sérgio Conceição ou Dimas.
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, o clube esteve quase a ser extinto, mercê de uma divisão entre os estudantes da Associação. De facto, entre quem queria a sua extinção ou a sua continuação, um grupo de pessoas decide que o clube deve continuar em competição, mas com a designação de Cube Académico de Coimbra.
Após uma década a competir com este nome, mediante protocolo celebrado entre o clube com a nova designação e a Associação dos estudantes, passa a designar-se novamente Associação Académica de Coimbra, acrescentando-se a sigla OAF (Organismo Autónomo de Futebol). Nasce a AAC-OAF, designação que ainda hoje se mantém.
Trata-se, pois, de um clube com grandes tradições históricas. Actualmente a jogar em casa no Estádio Cidade de Coimbra, iniciou a competição, nos anos 20 do século passado, no velhinho Campo de Santa Cruz e, na década seguinte, no Estádio Municipal de Coimbra, também conhecido por Calhabé. Refira-se por curiosidade que o primeiro jogo oficial no Campo de Santa Cruz foi contra o Moderno, inserido no Campeonato de Coimbra de 1922/23, tendo a Briosa ganho por 3 a 0.
O ano de 1939 regista, talvez, um facto desconhecido da maioria. A Associação Académica de Coimbra ganha a primeira Taça de Portugal em futebol. É um acontecimento marcante. Não esqueçamos que o primeiro vencedor de qualquer competição, por definição, só ocorre uma vez. Ainda por cima no ano em que tinha começado o campeonato português de futebol, disputado por oito equipas, e cujo campeão foi o F.C. Porto, tendo a Académica ficado em 5º lugar.
Nesta Taça de Portugal, disputada em eliminatórias, a Briosa elimina o Covilhã e o Académico do Porto. Nas meias-finais, a Académica perde, em Lisboa, com o Sporting mas, no jogo em Coimbra vence por 5 a 2 e passa a eliminatória.
Apurada para a final, disputa o jogo com o Benfica. No Estádio das Salésias (ainda não existia o Jamor), com 30 000 assistentes nas bancadas e manifestação ruidosa dos adeptos estudantes, a Académica, depois de estar a perder por 1 a 0, recupera, e, no final, verifica-se um resultado favorável aos academistas por 4 a 3. Após o apito final dá-se uma invasão de campo, com festejos e o cantar do hino acima referido.
No regresso a Coimbra a equipa pára em Leiria, Pombal e Condeixa para continuar a festejar. Em Coimbra é a apoteose, com uma grande receção na Câmara Municipal e na Sede da Associação Académica.
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