domingo, 3 de março de 2019

A MALTA GANHOU A TAÇA

A Académica é titular da primeira Taça de Portugal (1939)

A primeira Taça de Portugal de futebol, que a Associação Académica de Coimbra conquistou na época de 1938/39



São horas de embalar a trouxa 
Boa Noite, Tia Maria 
Que a malta ganhava a Taça 
Já toda a gente sabia 

Hino cantado após a Associação Académica de Coimbra ter ganho a Primeira Taça de Portugal, em 1939 



A Associação Académica de Coimbra, com esta denominação, foi fundada no ano de 1887. Trata-se, no entanto, de uma organização com raízes nas décadas anteriores do século XIX. De facto, em 1836 tinha-se formado a Academia Dramática que, evoluindo, entre divergências e episódios históricos, se transforma em Nova Academia Dramática, O Instituto, Academia Dramática de Coimbra, Instituto de Coimbra, Clube Académico de Coimbra, Associação Académica e Dramática até chegar à designação actual. 
Embora originalmente se tratasse de uma associação com carácter vincadamente cultural, nomeadamente no âmbito do teatro e da música, englobará também a prática do desporto entre os seus associados. É assim que surge a modalidade do futebol, inicialmente praticada apenas por estudantes, com a Secção de Futebol criada na década de 20 do século anterior. Na verdade, o futebol já era praticado, como passatempo entre os estudantes, desde o fim do século XIX, pois existem notícias que comprovam estes jogos praticados no local onde hoje se localiza o Jardim da Sereia, em Coimbra. 
A Académica, ou Briosa, nome pelo qual também é conhecida no meio futebolístico e estudantil, conhece os seus momentos mais gloriosos na década de 60 do século XX, época em que conta com jogadores como Artur Jorge ou Toni. A sua equipa da década de 90 também iria revelar nomes como Fernando Couto, Sérgio Conceição ou Dimas. 
Com a Revolução de 25 de Abril de 1974, o clube esteve quase a ser extinto, mercê de uma divisão entre os estudantes da Associação. De facto, entre quem queria a sua extinção ou a sua continuação, um grupo de pessoas decide que o clube deve continuar em competição, mas com a designação de Cube Académico de Coimbra. 
Após uma década a competir com este nome, mediante protocolo celebrado entre o clube com a nova designação e a Associação dos estudantes, passa a designar-se novamente Associação Académica de Coimbra, acrescentando-se a sigla OAF (Organismo Autónomo de Futebol). Nasce a AAC-OAF, designação que ainda hoje se mantém. 
Trata-se, pois, de um clube com grandes tradições históricas. Actualmente a jogar em casa no Estádio Cidade de Coimbra, iniciou a competição, nos anos 20 do século passado, no velhinho Campo de Santa Cruz e, na década seguinte, no Estádio Municipal de Coimbra, também conhecido por Calhabé. Refira-se por curiosidade que o primeiro jogo oficial no Campo de Santa Cruz foi contra o Moderno, inserido no Campeonato de Coimbra de 1922/23, tendo a Briosa ganho por 3 a 0. 
O ano de 1939 regista, talvez, um facto desconhecido da maioria. A Associação Académica de Coimbra ganha a primeira Taça de Portugal em futebol. É um acontecimento marcante. Não esqueçamos que o primeiro vencedor de qualquer competição, por definição, só ocorre uma vez. Ainda por cima no ano em que tinha começado o campeonato português de futebol, disputado por oito equipas, e cujo campeão foi o F.C. Porto, tendo a Académica ficado em 5º lugar. 
Nesta Taça de Portugal, disputada em eliminatórias, a Briosa elimina o Covilhã e o Académico do Porto. Nas meias-finais, a Académica perde, em Lisboa, com o Sporting mas, no jogo em Coimbra vence por 5 a 2 e passa a eliminatória. 
Apurada para a final, disputa o jogo com o Benfica. No Estádio das Salésias (ainda não existia o Jamor), com 30 000 assistentes nas bancadas e manifestação ruidosa dos adeptos estudantes, a Académica, depois de estar a perder por 1 a 0, recupera, e, no final, verifica-se um resultado favorável aos academistas por 4 a 3. Após o apito final dá-se uma invasão de campo, com festejos e o cantar do hino acima referido. 
No regresso a Coimbra a equipa pára em Leiria, Pombal e Condeixa para continuar a festejar. Em Coimbra é a apoteose, com uma grande receção na Câmara Municipal e na Sede da Associação Académica.


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A HISTÓRIA E A VIDA ACADÉMICA DOS ESTUDANTES DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA NO MUSEU ACADÉMICO




O Museu Académico de Coimbra encontra-se instalado no edifício do antigo Colégio de São Jerónimo, na Praça de D. Dinis, onde funcionavam os Hospitais da Universidade de Coimbra. O museu, que tem como missão reunir, preservar e difundir os valores sociais, artísticos e culturais da comunidade académica, foi inaugurado no dia 11 de dezembro de 1987. 
Como reúne um rico espólio baseado nas tradições académicas, trata-se de um espaço de visita obrigatória para quem quiser conhecer ou recordar os momentos passados enquanto estudante em Coimbra. 


Durante a visita pudemos ver peças da época contemporânea (o museu baseia-se na época de final do século XIX aos nossos dias) em cerâmica, medalhística, torêutica e ourivesaria, têxteis, pintura, escultura e gravação, instrumentos musicais, arquivos discográfico, fotográfico e documental e a biblioteca e arquivo de cartazes. 
De particular interesse são as coleções de trajes académicos e fotografias alusivas aos estudantes. 
Devido ao imenso espólio, o museu também organiza exposições temáticas e disponibiliza o acervo documental a estudos de investigação.
Refira-se que antes deste museu ser inaugurado existiu um dedicado à vida académica, criado em 1951, a partir de uma exposição realizada pela Associação Académica de Coimbra e pela Comissão Central da Queima das Fitas de 1950. 
Alguns núcleos que inclui são o Núcleo da Canção de Coimbra com instrumentos, discos, gravações, partituras; o Núcleo dos Troféus Desportivos da Associação Académica de Coimbra; o Núcleo Camoniano; escultura, gravura, pintura, medalhística, cerâmica; arquivo documental e arquivo de fotografia, arquivo de cartazes e folhetos; biblioteca, epigrafia, traje e outros. 
Gostaríamos de destacar que possui a primeira Taça de Portugal de futebol, que a Associação Académica de Coimbra conquistou na época de 1938/39. 
No dia 22 de fevereiro, o Clube do Património dos Génios de Castro visitou este espaço. A visita guiada permitiu-nos conhecer a história e as tradições da vida académica dos estudantes da Universidade, a academia com maior tradição em Portugal. 
No meio de muito entusiasmo pudemos observar dezenas de troféus conquistados ao longo dos tempos em várias modalidades desportivas pelos estudantes da ilustre academia da Universidade de Coimbra. Mas, de todos eles, destacou-se a “joia da coroa”, a Taça de Portugal de 1938/1939, que, com muita emoção, os membros do clube puderam admirar.


A primeira Taça de Portugal de futebol, que a Associação Académica de Coimbra conquistou na época de 1938/39.














quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

ESCRITO EM COIMBRA À SOMBRA DE MINERVA

AS TRICANAS, POR TRINDADE COELHO

A tricana e o estudante


Como tudo o que é Coimbra – bom e mau – se não parece com mais coisa nenhuma, as tricanas de Coimbra são também elas sós, e, por conseguinte -, incomparáveis! 
Como andam sempre muito afinadinhas, desde os pés à cabeça, vão-se os olhos a olhar por elas, e fica a gente a dizer consigo que nunca viu mulheres assim… Sua chinelinha de biqueira, em que só lhes cabe metade do pé; sua meia branca, às riscas, muito esticada; saia de chita, das cores mais claras, deixando ver os tornozelos e acima dos tornozelos duas polegadas de perna; aquele aventalinho muito pequenino, que é mais um chic do que outra coisa; o chambre de chita clara, aberto no peito em decote quadrado; e então o xaile de barras, ou a capoteira, passando por baixo do braço direito, e lançado (com elegância que se não descreve, mas que os estudantes copiaram para as suas capas) por cima do ombro esquerdo! 
Ao alto de tudo isto, uma cara quase sempre bonita, e espirrando, naquele busto, quando gesticulam, quando marcham, quando estão paradas, qualquer coisa que deve ser a própria graça – como só artistas a apreciam! 
São as tricanas! 


Trindade Coelho in In Illo Tempore


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

A SALA DA CIDADE: UM ESPAÇO CULTURAL PARA COIMBRA



A Sala da Cidade ocupa o espaço do antigo Refeitório de Santa Cruz, contíguo aos Paços do Município, na Rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes, na Baixa de Coimbra. É um espaço da Câmara Municipal de Coimbra dedicado a acolher exposições e outras manifestações de carácter cultural, situado numa zona privilegiada da urbe. 
No dia 2 de fevereiro foi inaugurada mais uma exposição, “Mais Amor, Por Favor”, que junta pintura e escultura. 
A pintura é de autoria de Carina Gomes, uma conimbricense radicada em Lisboa, onde exerce a sua atividade profissional. Possui experiência e formação em Design de Moda e Arquitetura de Interiores, tendo concluído a pós-graduação em Moda, na Paris American Academy - École de Beaux Arts et Mode, e o Mestrado em Design e Arquitetura de Interiores, na Escola Superior de Artes Decorativas, na FRESS - Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva, em Lisboa. 
Na área das Artes Plásticas possui uma obra amplamente elogiada, tendo realizado várias exposições individuais e coletivas, em Portugal e no estrangeiro, onde está representada em várias coleções privadas e públicas. 
A exposição é constituída por escultura de Carlos Ramos, um lisboeta com vasta obra nas áreas do design gráfico e medalhística. Tem participado em exposições coletivas e individuais, em Portugal e no estrangeiro estando, também, representado em diversas coleções públicas e privadas. Dedica-se, igualmente, à cenografia, adereços e máquinas de cena para várias companhias de teatro. Colabora com a Companhia Nacional de Bailado, na pintura do pano de boca de cena, pintura do guarda-roupa, recuperação de adereços e joalharia. Contribuiu para o filme “O artista no seu atelier”, de Álvaro Queiroz, Acervo da Cinemateca Portuguesa. Obteve o Prémio Aquisição ANJE – Associação Nacional da Jovens Empresários, Porto e uma Menção Honrosa, no âmbito do IV Prémio Edinfor de Escultura. 
O Clube do Património os Génios de Castro visitou a exposição no dia 8 de fevereiro já que o património de Coimbra também é a sua arte. Através das pinturas, das esculturas e da visualização de um vídeo onde eram conjugadas imagens, fotografias e esculturas, nota-se a agitação do dia a dia em contrasta com o amor. Esta exposição leva-nos a refletir sobre a importância do amor como caminho para a felicidade e para o nosso equilíbrio. 














quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

UMA VISITA À CASA DA LITERATURA DE MIGUEL TORGA

Casa-Museu Miguel Torga
Rua Fernando Pessoa, 3, em Coimbra


Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Coelho da Rocha, foi um dos escritores mais importantes do século XX e ficará, para sempre, ligado a Coimbra. 
Nasceu em São Martinho de Anta, Vila Real, no dia 12 de agosto de 1907 e faleceu em Coimbra, no dia 17 de janeiro de 1995. 
Os seus livros foram traduzidos para diversas línguas. Foi por várias vezes candidato ao Prémio Nobel de Literatura. Recebeu vários prémios, entre eles, o Prémio do Diário de Notícias (1969), Prémio Internacional de Poesia de Knokke-Heist (1976), Prémio Montaigne da Fundação Alemã F.V.S. (1981), Prémio Camões (1989), Prémio Personalidade do Ano (1991), Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1992) e o Prémio da Crítica, consagrando a sua obra (1993). 
Máquina de escrever de Miguel Torga
Interior da Casa-Museu


A Casa-Museu Miguel Torga tem como missão divulgar a obra literária do escritor, preservar e expor publicamente objetos, da mais variada natureza, relacionados com a identidade e a personalidade desta figura maior das letras, que elegeu Coimbra para viver (naquela que é agora a Casa-Museu) e trabalhar (no Largo da Portagem, como médico). 

A visita à Casa-Museu Miguel Torga pretendeu dar a conhecer aos membros do clube a importância e a vivência de Miguel Torga desde a sua Terra Natal, a sua ida para o Brasil e a vinda para Coimbra, cidade que o escritor adotou como sua. Nesta casa recebeu grandes vultos de cultura portuguesa e da política do século XX, como Sophia de Mello Breyner Andresen e muitos outros. Foi, assim, muito interessante ficarmos a saber que o escritor se chamava realmente Adolfo Correia Rocha e que, em 1934, aos vinte e sete anos, criou o pseudónimo Miguel Torga. Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno e Torga por ser uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha. Na casa pudemos ver essa planta, que ali cultivou, a escrivaninha, onde escreveu grande parte dos seus livros, a máquina de escrever e o divã onde descansava e ao qual chamava “o meu sarcófago”. Pudemos também ver documentos, fotografias, primeiras edições assinadas, uma dedicatória assinada pelo seu grande amigo o escritor brasileiro Jorge Amado, cerâmica, pintura, escultura e algumas obras de arte. A casa permanece como no tempo em que Miguel Torga nela habitava.









segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

ESCRITO EM COIMBRA À SOMBRA DE MINERVA

UM POEMA DE MIGUEL TORGA


SEGREDO

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...

Miguel Torga in Diário VIII





quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

UMA VISITA À GALERIA SETE



Eduardo Rosa fundou e dirige a Galeria Sete, pois é entusiasta e colecionador da arte há cerca de 25 anos. Nesta galeria, dedicada à exposição e venda de arte, em especial Arte Contemporânea Portuguesa, podem observar-se os objetos de arte nas suas diversas formas e técnicas (desenho, pintura, escultura, fotografia, vídeo, instalação). 
De acordo com o fundador, a galeria pretende ser um espaço vivo, trazendo artistas reconhecidos e emergentes e seus trabalhos para mostra, também como agente educativo junto dos jovens, cumprindo assim um papel social de divulgador, sensibilizador e educador para as artes plásticas em Coimbra. O público tem acesso livre aos seus espaços. 
Quando a visitámos, tinha patente uma exposição coletiva, denominada “Arte de Bolso”, que já vai na sétima edição e que o Clube do Património os Génios de Castro puderam ver no passado dia 25 de janeiro. Esta exposição tinha obras originais de mais de cem artistas, com a particularidade de serem de pequeno formato, pelo que não costumam ser expostas quando se fazem as exposições individuais. 
Apreciámos as obras de alguns artistas, tais como Alexandre Conefrey, António Olaio, Caio Marcolini, Carlos No, Cristina Troufa, Gema Atoche, Jorge Abade, Pedro Pascoinho, Sílvia Marieta e Vítor Pomar, entre outros. 
Cada membro do clube escolheu a obra que mais gostou e explicou a razão dessa escolha. Pudemos ver um conjunto de obras de arte muito valiosas e imaginámos qual a obra que gostaríamos de levar para casa “emprestada” por uns tempos e o local onde seria colocada. 
Por fim deu-se o assalto aos rebuçados oferecidos pelo senhor Eduardo Rosa, a quem agradecemos a gentileza e simpatia quando nos recebeu.









As escolhas artísticas dos Génios de Castro















A Constança ainda a decidir pela sua obra artística favorita.

   
                        
A Constança aproveitou a boleia e comprou a prenda de anos para a sua mamã!