terça-feira, 14 de maio de 2019

VISITA À TIPOGRAFIA DAMASCENO

UM MUNDO MARAVILHOSO, UM MUSEU VIVO

Interior da Tipografia Damasceno


A Tipografia Damasceno, situada na rua de Montarroio, nº 45, foi fundada em 1969 por João Damasceno, pai do atual dono, Rui Damasceno, quando deixou a Tipografia Progresso, no Pátio da Inquisição. 
No ano em que comemora o 50º aniversário, a tipografia ainda mantém algum equipamento original como o prelo, a máquina de braços e pedaleira comprados para abrir ao público. 
O atual proprietário, Rui Damasceno, começou por ajudar na atividade, mas acabou por ficar com a empresa familiar à medida que o pai e a mãe se foram afastando. 
À semelhança de outras tipografias de Coimbra e do resto do país, o negócio sofreu um grande abalo com a vulgarização das impressoras, a partir de meados de 1990, pois passaram a estar disponíveis nas escolas, repartições públicas, escritórios e casas particulares. Contudo, mantém-se ainda algum trabalho na produção de envelopes e nas edições de livros de pequena tiragem, na ordem dos 100 ou 200 exemplares. 
Atualmente, a tipografia também se dedica a um trabalho, não tanto comercial, mas mais artístico, graças à ilustradora Ana Biscaia e à designer Joana Monteiro que, por solicitação dos estudantes universitários, começaram a realizar oficinas. 

Interior da Tipografia Damasceno

Para assinalar os 50 anos da casa, a Editora dos Tipos publicou o livro “Tipografia Damasceno: 50 anos”, contendo texto, com entrevistas e registos de amigos da tipografia e uma seleção do que foi produzido naquela casa ao longo das décadas, como cartazes de bailes, peças de teatro, cadernos diários e as primeiras edições da Fenda. 
O livro Inclui também panfletos, manifestos, comunicados sindicais e registo de lutas laborais. Recorde-se que João Damasceno era conhecido das autoridades do Estado Novo como membro do Partido Comunista Português e que já havia sido preso anteriormente. 
Como a tipografia manteve uma estreita relação com os agentes culturais, na obra podemos ver o Citemor, Teatro Académico Gil Vicente, Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, ou clubes de cinema e salas de espetáculos já extintas, como o Sousa Bastos ou o Avenida. 
O livro retrata os vários caminhos percorridos pelos elementos da família que deu o nome a este espaço/oficina: Rui Damasceno, tipógrafo, ator, atual dono da Tipografia; João Damasceno (pai), tipógrafo, ator, preso pela PIDE e Odete Paixão (mãe), uma das primeiras mulheres tipógrafas em Portugal. 

Rui Damasceno

Para Ana Biscaia, a tipografia tem uma série de características que permitem pensar numa ideia de museu, com material e objetos que ainda funcionam, onde as pessoas possam descobrir como funcionava a tipografia e os estudantes de design possam experimentar. 


Sendo um local indissociável do património de Coimbra, o “Clube do Património os Génios de Castro” efetuou uma visita à oficina no dia 10 de maio. O dono da tipografia, Rui Damasceno, explicou-nos como foi fundada, a sua rica história e falou-nos também sobre a comemoração dos 50 anos e dos vários processos da impressão gráfica ao longo dos tempos. Assistimos à impressão de uma imagem de um livro que estava em processo de impressão. Foi uma tarde muito bem passada, dentro de uma das tipografias emblemáticas de Coimbra e que ainda resiste à evolução do setor.

































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