O LIRISMO DAS SERENATAS
Uma serenata na Coimbra de
Outros Tempos
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Passam cada ano
gerações românticas, declamando em serões de velhas damas da Rua do Correio, ou
do Corpo de Deus, o Noivado do Sepulcro
e a Judia.
Época de
guitarras e serenatas a desoras, com amores de virgens tísicas, de brancura
ascética, que morriam em noites de lua, coroadas de flores de laranjeira,
pálidas e loiras, muito loiras e frias.
Visões ossiânicas
estimulando, hora a hora, a sentimentalidade de nossos avós que tantas vezes
prendiam de coração as tricanas saudosas do sonho, até as levarem para a
província onde ficavam ricas donas de porte heráldico e fidalga distinção,
muito longe da lida consumidora e monótona do ferro.
Nos recessos da Alta
há janelas desertas onde as trepadeiras secaram de abandono e se adivinham
escadas de corda, descendo levemente no silêncio amigo das noites de amor.
Sobre cada pedra
se faz uma jura, em todas as esquinas havia memórias de corações partidos de
mágoa ou rasgos generosos de aventura que envergonham o calculismo frio da
nossa idade.
Nas baladas da
despedida, chorava o coro, de olhos em alvo, o enterro fatal das mocidades que
voavam para a vida, sacudindo lenços brancos, molhados em lágrimas, com
infinita saudade…
Adeus! Adeus!...
Hipólito Raposo in Coimbra
Doutora
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