Eugénio de Castro dedicou alguns dos seus versos a familiares, nomeadamente aos filhos e à mulher. Este é o poema que dedicou à sua mulher, Brígida Augusta Correia Portal, com quem casou no dia 22 de maio de 1898. Desse casamento houve seis filhos.
EPÍLOGO
A Minha Mulher
A cem portas bati por noite agreste,
Em que o vento mugia como um touro,
Antes de enfim parar à porta d’ouro,
A cujo limiar me apareceste
Nos versos que aí ficam, se é que os leste,
Talvez p’ra a nossa estima aches desdouro,
Sob o cipreste vendo, ou sob o louro,
Tantas amadas de perfil celeste.
Mas não! Ao pé de ti, sou outro. A vida,
Sopro de bênçãos, no meu horto flui…
E aquele que divaga nas alfombras
Deste livro, lunática avenida,
Não sou eu, é a sombra do que fui,
!Uma sombra saudosa doutras sombras!
Eugénio de Castro
in Obras poéticas de Eugénio de
Castro / reprodução fac-similada dirigida por Vera Vouga
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Obras poéticas de Eugénio de Castro
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